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Nestlé adiciona açúcar em produtos para bebês apenas em países pobres, diz ONG

Nestlé adiciona açúcar em produtos para bebês apenas em países pobres, diz ONG

Empresa afirma seguir limites impostos pela Anvisa e recomendações na OMS e explica que "variações nas receitas entre países dependem de vários fatores"

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A Nestlé foi acusada de adicionar açúcar em alimentos para bebês somente em países da Ásia, África e América Latina — inclusive o Brasil. É o que aponta um relatório publicado na última quarta-feira (17) pelas ONGs Public Eye e Ibfan.

A denúncia trata dos produtos Nido (ou Ninho) e Cerelac (ou Mucilon). Segundo o levantamento, em alguns mercados da Europa — inclusive na Suíça, onde fica a sede da empresa — os alimentos são comercializados sem adição de açúcar.

“Na Suíça, a Nestlé promove os seus cereais ‘sabor biscoito’ para bebês de seis meses com as palavras ‘sem adição de açúcar’; enquanto no Senegal ou na África do Sul, cereais Cerelac do mesmo sabor contêm 6 gramas de açúcar adicionado por porção”, diz a publicação.

Ainda de acordo com a pesquisa, em países como Alemanha, França e Reino Unido, todos os leites de crescimento para crianças de um a três anos comercializados pela empresa não possuem açúcar na composição. “E se determinados cereais destinados a crianças com mais de um ano o contiverem, os destinados a bebês a partir dos seis meses estão isentos”, acrescentam as ONGs na publicação.

Ao todo, a Public Eye e o Ibfan examinaram 115 produtos Mucilon vendidos nos principais mercados da Nestlé na África, Ásia e América Latina. Desse número, 108 (94%) contêm adição de açúcar.

O Brasil é segundo maior mercado do produto no mundo, com vendas que somaram cerca de US$ 150 milhões em 2022. No país, segundo a pesquisa, três quartos dos cereais infantis da marca têm adição de açúcar, três gramas por porção em média.

A adição do produto vai contra o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, do Ministério da Saúde.

Já o Ninho destinado a crianças de um a três anos de idade não contém adição de açúcar no Brasil. Por outro lado, em países como o Panamá e a Nicarágua, o mesmo produto possui 5,3 gramas e 4,7 gramas de açúcar, respectivamente.

Segundo mercado mundial de Ninho, a Nestlé afirma em seu site não adicionar açúcar a esse produto no Brasil por preocupação com a saúde e nutrição das crianças.

Citado pelas ONGs, Nigel Rollins, cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que existe um duplo padrão, que é “injustificável”, e disse que a questão é “problemática, tanto do ponto de vista ético, como da saúde pública”.

Ele acredita que os fabricantes podem estar tentando acostumar as crianças a um determinado nível de açúcar desde muito cedo para que depois elas prefiram consumir produtos com alto teor de açúcar.

Outro lado

Procurada pelo Pontal de notícias CNN, a Nestlé afirmou que acredita na qualidade nutricional de seus produtos para a primeira infância. A empresa disse ainda priorizar a utilização de ingredientes de alta qualidade e adaptados ao crescimento e desenvolvimento das crianças.

“Aplicamos os mesmos princípios de nutrição, saúde e bem-estar em todos os lugares onde operamos. As categorias de alimentos infantis são altamente regulamentadas. Nosso portfólio segue tais regulamentações locais (ANVISA) e/ou padrões internacionais (OMS), incluindo requisitos de rotulagem e limites de carboidratos – que incluem açúcares. Além disso, declaramos os açúcares totais e adicionados dos nossos produtos.

Durante a última década, reduzimos em 11% a quantidade total de açúcares adicionados no nosso portfólio de cereais infantis em todo o mundo. Também continuaremos inovando e reformulando nossos produtos para reduzir ainda mais o nível de açúcares adicionados sem comprometer a qualidade, a segurança e o sabor.

No Brasil, Mucilon possui em seu portfólio itens sem e com açúcares adicionados, de acordo com os limites estabelecidos como seguros pela ANVISA. Já Ninho não contém açúcares adicionados como sacarose e xarope de glicose.

Variações nas receitas entre países dependem de vários fatores, incluindo regulamentos e disponibilidade de ingredientes, por exemplo, e não comprometem a qualidade e a segurança dos nossos produtos.

Apoiamos a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida, seguida pela introdução de alimentos complementares adequados, juntamente com a amamentação sustentada até aos dois anos de idade ou mais”, diz a nota.

 

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/economia/negocios/nestle-adiciona-acucar-em-produtos-para-bebes-apenas-em-paises-pobres-diz-ong/

Imagem da Galeria Pesquisa foi realizada pelas ONGs Public Eye e Ibfan
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